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sexta-feira, 28 de março de 2014

O Trem



Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos, farão conosco a viagem até o fim: nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seus carinho, proteção, amor e afeto. Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão ser especiais para nós. Embarcam nossos irmãos, amigos e amores. Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outros fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há, também, pessoas que passam de vagão a vagão, prontas para ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe.
 
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas claro que isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não podemos nos assentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.
 
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.
Sabemos que esse trem jamais volta. Façamos, então, essa viagem, da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso.
Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá 

O grande mistério, afinal, é que não sabemos em qual parada desceremos. E fico pensando: quando eu descer desse trem sentirei saudades? 
Sim. Deixar as pessoas que estimo viajando nele sozinhas será muito triste.
Separar-me de alguns amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.
 
E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa. Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem as pessoas.
Minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade... Quem entrará? Quem sairá?
 
Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo íntimo, deixaram desmoronar. 

É muito bom perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros". 

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segunda-feira, 24 de março de 2014

Cade o controle de qualidade?



Escolher o que é bom as vezes torna a busca cansativa.

Mesmo com o leque gigantesco de opções para pesquisarmos nesse mundo virtual, a qualidade, veracidade e confiança no que acessamos deixa um ar de "será que é isso mesmo?".

Diz o ditado "quem procura, acha", e com certeza acha mesmo. É fácil achar sexo, fofocas e tosqueiras na internet. Até porque ninguém vai à uma biblioteca procurar Clarice Lispector para ler , nem que seja eventualmente, salvo algumas exceções.

Enfim...

Na televisão a coisa segue igual. A pseudo censura de assuntos que hoje são proibidos por não serem politicamente corretos. Negro/preto virou "afro-descendente", pobre virou "menos favorecido", gay/homossexual virou "pessoa com outra orientação sexual", criança levada virou "hiperativa"... [humpf]

A inocência e criatividade dos programas infantis nos anos 80 me faz as vezes saudosista, uma vez que era mágico assistir àquela fantasia criada despretensiosamente, sem pensar unicamente em/no lucro, como é o que exclusivamente ocorre hoje. As novelas tinham um porque de serem acompanhadas. Hoje não passam de repetições de causos de amor e problemas de família, o que muda é só cenário e a ambientação.

Mas por que mudou? Porque povão gosta de lixo, gosta do que é de fácil assimilação.
A TV Cultura não tem a audiência merecida, pois além de ter recursos reduzidos, não tem programas para as grandes massas. As vezes me dói ver o quanto a maioria da população aceita por pura preguiça e comodidade, pois para eles é chato um programa realmente cultural, inteligente. Preferem ver tragédias, miséria, gente chorando ou pseudo músicas que somos obrigados a ouvir, pois tem sempre um vizinho que adora compartilhar o som com a rua inteira.

A própria mídia brigou muito para que a censura acabasse e que o que fosse inteligente e interessante pudesse ser exibido, tanto na TV, quanto nos jornais. Mas hoje o que vemos são as tarjas indicando a idade apropriada durante as programações televisivas. Quem tem que decidir o que é apropriado ou não para os filhos são os pais. Na minha infância, nunca fui proibido de assistir TV até tarde da noite, embora meus pais restringissem alguns programas, o que era até aceitável. Mas não me tornei influenciável por nada estranho que tenha assistido, e que muito menos tenha alterado meu intelecto.

E o Acre tem que se render à programação gravada por causa da nova censura [e do retorno ao velho fuso horário] por conta da adequação da faixa etária. Pura demagogia de quem acha que criança dorme as 20 horas.

Na internet temos muitas coisas boas sim, mas o lixo está sempre abrindo um banner inapropriado no seu monitor, ou aquele spam inconveniente na sua caixa de e-mail. Algumas tosqueiras, confesso, são indispensáveis para uma boa risada e comentários no happy hour. Mas convenhamos, é bom e sadio também conversar um assunto interessante, ouvindo opiniões de diversas vertentes e que o toma abordado só tem a enriquecer ao nosso crescimento intelectual.

Mas vale a dica: não confie em tudo o que lê nos jornais e na internet, pois tem sempre algum pilantra de plantão querendo tirar vantagens de alguma coisa ou de você, mesmo que seja apenas para tomar seu tempo.


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sexta-feira, 7 de março de 2014

Technotronic - 25 anos


 




Faz um tempo que não escrevo sobre música aqui no blog. Então, depois de algumas pesquisas em blogs afins, vamos voltar no tempo, mais ou menos uns 25 anos atrás e conhecer a trajetória de um grupo que faz parte da história na dance music e fez o mundo inteiro dançar.

Dos zilhões de grupos de Dance Music surgidos no início da década de 90, poucos venceram o desafio da descartabilidade. Foi uma época de criatividade e oportunismo, que mostrou ao mundo um novo tipo de artista: o grupo musical que incorporava DJs, MCs, dançarinos, produtores, etc. Neste cenário caótico, surge um dos maiores sucessos em matéria de Dance Music já concebidos: o Technotronic.



Criado na Bélgica, o Technotronic veio de um lugar que nunca chegou a ser famoso como lançador de tendências (como a Holanda, por exemplo). Mas a mistura racial que caracterizava o grupo não foi exatamente concebida por um belga. A idéia original foi do ex-professor de filosofia Jo Bogaert (nome artístico de Thomas de Quincy), nascido nos EUA. No final da década de 80, ele foi morar na Bélgica, com a finalidade de se tornar um produtor e colocar em prática seu ambicioso projeto: criar uma sonoridade nova, unindo elementos do House e do Hip-hop.


 
[Jo Bogaert]


Assim que chegou à Bélgica, ele começou a correr atrás de sua ideia: mandou uma infinidade de fitas demo para vários rappers e performers, e esperou por alguma manifestação. Atenderam ao chamado MC Eric e a jovem rapper Ya Kid K (nascida Manuela Kamosi, no Zaire), que já cantava no grupo de rap Fresh Beat Productions.



Com esta salada étnica, o grupo já tinha tudo para estourar, certo? Errado! Jo resolveu contratar uma modelo sul-africana chamada Felly para ser a garota propaganda do grupo, ou seja, ela apareceria em todos os eventos caracterizando o som do Technotronic, como clips, shows e turnês. Isso, aliás, foi uma prática muito comum durante os primeiros anos da Dance Music como mania mundial. Naquela época, imagem ainda era importante na cena. Hoje, a imagem ainda é importante, porem manipulada para agradar.



Claro que a farsa não poderia dar certo por muito tempo. O primeiro single de 1989, "Pump up the Jam" estourou por completo na Europa e nos EUA, que começavam a olhar a Dance Music europeia com mais atenção. E enquanto MC Eric e Ya Kid K se esforçavam para dar conta dos shows, a modelo Felly só aparecia nas capas dos discos e até dublando! Detalhe: ela nunca falou uma só palavra de inglês. Só os fãs mais observadores sacaram isso.



A situação acabou se tornando insustentável para Bogaert, que acabou confessando que tinha contratado Felly unicamente para dar um belo look ao grupo. No fim das contas, Jo acabou dispensado Felly (seria ridículo continuar com ela), que realmente não fez muita falta, visto o sucesso que o próximo single também alcançou: "Get Up (Before The Night is Over)". Agora sim, todos conheciam a verdadeira face do Technotronic, com Eric e Ya Kid K cantando e aparecendo no clip da música.


[Mc Eric & Ya Kid K]


Dois anos se passaram desde o lançamento de "Get Up". Em 92, Ya Kid se desliga do grupo para seguir uma carreira solo. O primeiro single "Move This", originalmente um single do Technotronic lançado para um comercial de cosméticos, serviu para impulsionar as vendas de "One World Nation", nome de seu álbum. No mesmo ano, o Technotronic lança "Trip on This: The Remixes".



Em 95, o Technotronic volta à cena com uma nova formação e um novo álbum: "Recall". Embora seja um ótimo álbum, com o Technotronic detonando o som que eles próprios ajudaram a construir, "Recall" falhou em conseguir lugar nas paradas de sucesso. Os singles "Recall", "Move it to the Rhythm" e "It's Alright" apresentam tudo que a Dance Music deve ser: agressiva, uma base eletrônica sólida e vocais estridentes/provocativos. Mas, infelizmente, numa destas oscilações do gosto popular, os singles não chegaram a estourar, mas fizeram muito sucesso nos clubes europeus.



Ainda assim, o Technotronic conseguiu o que poucos grupos tinham como objetivo: ter uma estrada longa e sólida dentro da Dance Music, pois muitos grupos e subgrupos viviam com um ou dois hits de alcance mundial. Antes deles, a referência de eletrônico na segunda metade dos anos 80 eram os grupos Information Society, Depeche Mode, Erasure e New Order. Todos eles tinham uma levada mais pop, onde somente os remixes eram encaminhados para as pistas de dança. 'Pump Up The Jam' revolucionou a imagem da dance music no mundo inteiro, saindo do submundo das baladas noturnas para o dia-a-dia nas FMs, nos toca fitas de casa/carro e claro, nas filas de espera das lojas de discos para quem queria eternizar esse som no disco de vinil.



Você pode até não gostar de dance music, mas o “poperô” se eternizou como um ícone mundial, abrindo as portas desse estilo musical eletrônico, fazendo milhões de pessoas no mundo inteiro dançarem e se divertirem - mesmo sem saber o que estavam cantando. Até porque ritmo não se explica, apenas se sente. Afinal, já são 25 anos de sucesso... e 'Pump Up The Jam' não vai sair de moda tão cedo, assim espero. 



“Make my day”








(Infos do blog “MidnightParty” – com adaptações e informações adicionais)



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