sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
Conexão perdida
Num mundo onde a pressa é a desculpa para tudo, estamos deixando de observar o realmente importa: a convivência pelo simples afeto.
Nesse mundo conectado, estamos esquecendo de sermos nós mesmo, de termos nossos amigos de verdade, de termos compromisso com o que importa. Sim, estou falando de afeto. Não aquele afeto de comercial de margarina, mas o afeto descompromissado, onde existe aquela química que não se explica entre duas ou mais pessoas que querem simplesmente compartilhar momentos juntas, sejam eles quais forem.
Pessoas estão se isolando por conta de estarem cansadas - sim, cansadas - de tentar fazer com que as relações interpessoais sejam mais leves e menos virtuais. Parece que ninguém se dá conta que viramos escravos de um aparelho de bolso que deveria sim ser nosso aliado, não deixando para segunda, terceira ou quarta opção o mais importante: conviver.
É notório ver tanta gente se sentindo só, mas pra não dar o braço a torcer, ou mesmo ser tachada por achar que elas estão se vitimizando. Ledo engano. Alguns o fazem por imaturidade, mas a maioria se isola mesmo com uma forte máscara de pessoa do bem, pessoa legal, ou mesmo vestindo um uniforme de "introspectiva", mas que no fundo ela está sozinha porque não teve escolha.
E nem venha dizer que isso é frescura. Você não sabe o que passa na cabeça de outra pessoa, nem do seu melhor amigo. Você tem ideia do que ele pensa, por referência e/ou convivência, mas no fundo não sabe realmente o que passa na mente dele. Então não venha pré-julgar quem você supostamente conhece com achismos de bula de Google.
As consequências disso são ruins, em sua maioria. Nem todo mundo sabe lidar com o fato de estar sozinho, ou se sentir sozinho, ou mesmo ser abandonado. E não vem ao caso dissertar sobre estar sozinho e solidão. Isso é outro assunto.
É, a tecnologia trouxe muita coisa boa, muito comodismo e muito conhecimento, embora que muitos deles sejam superficiais. E sem perceber, vamos alimentando cada vez mais essas relações líquidas por puro comodismo. Em suma, toda mudança tem dois lados que não convergem: ou aproximam ou repelem. Seria fácil escolher a primeira opção, mas na prática nem sempre é assim.
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