Todos sabemos que vivemos num país de dimensões continentais. Temos inúmeras culturas, comportamentos, manias, vícios de linguagem e sotaques. Como cada região sempre há migrantes de outros Estados, sejam da mesma região, sejam de outras, a mesclagem disso tudo resulta em novas formas de comportamentos e atitudes. A televisão tem parte nisso em igualar algumas coisas, como ditar moda e alguns jargões bobos, inventados nas novelas que caem no gosto popular.
Uma coisa que me chama muito a atenção é a questão do sotaque. Temos cinco regiões, porém muito mais do que cinco sotaques. Aqui no Acre, no caso a capital Rio Branco, temos um sotaque peculiar, com um chiado discreto e algumas entonações vindas da colonização por parte de migrantes do Ceará que se estabeleceram aqui desde a época de ouro da extração do latex [matéria prima da borracha]. Mas mesmo assim temos uma mistura de sulistas, tanto do interior de São Paulo, como também do Rio Grande do Sul, que se instalaram no interior e muitos deles hoje são grandes fazendeiros anônimos.
Nota-se a diferença de entonações de acordo com a região da capital. Embora aqui não seja uma cidade de grandes proporções, somos um pouco cosmopolita, uma vez que se você frequentar os bairros mais humildes acaba observando que as pessoas têm um sotaque mais forte, carregado e com vícios de linguagem que prejudicam o entendimento. E o mais engraçado deles é a rapidez nas frases. Falar pausado? Nem com lexotan! Já trabalhei numa empresa onde um motorista falava tão rápido que eu sempre pedia duas ou três vezes para ele repetir, e mesmo assim eu não filtrava direito o que ele queria dizer, resultando que minha dedução nem sempre era válida sobre o que ele expôs. ¬¬ Mas isso não é regra, pois educação e bom senso não escolhe classe social.
Por quê?
Explico...
Esses vícios de liguagem e entonações mais fortes não são "privilégio" das camadas menos favorecidas. Em ambientes mais diferenciados, nota-se em uma ou outra pessoa algo carregado e as vezes irritante, pois alguns gostam de alterar a voz para chamar a atenção, como se voz alta fosse sinônimo de status. E você olha com aquela cara de "ah, eu mereço isso". Fazer o quê? Pior são os nascidos e criados aqui no Acre, que têm o conforto e a disponibilidade de viajar com frequência e, mal passam uma semana no Rio de Janeiro ou no Campinas [interior de SP], voltam com sotaques dessas regiões, como se fossem nascidos lá. Seria trágico se não fosse cômico. Nessas horas dá vontade de falar um palavrão: POXA!
Saindo um pouco do extremo oeste e dando uma volta rápida pelo país, observamos que em cada região, há diferenciamento de sotaques. No Nordeste por exemplo. Lá no Ceará você ouve um tipo de palavriado e entonação completamente diferente da Bahia. Já Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe já têm um pouco de semelhança, talvez pela proximidade dos Estados e respectivas Capitais.
No Centro-Oeste, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás usam o "R" com um ar interiorano - capiria mesmo, diferente do Distrito Federal, onde usam um "R" mais seco. Escute Legião Urbana que você nota as palavras bem explicadas do Renato Russo e sem entonação, como os paulistanos do CPM-22!
No Sudeste, Minas Gerais é o mais diversificado. Em Belo Horizonte o sotaque explicadin é bem notado, mas no interior não se pronuncia palavras até o final. É muito curioso. Rio de Janeiro chia feito panela de pressão molenga e a entonação dá um ar de arrogância, mais notado ainda na capital. São Paulo, a cidade mais cosmopolita da América do Sul, ainda se nota as diferenciações dos nativos nascidos na capital para o interior do Estado. Brinca-se lá que sotaque com "R" dobrado e preguiçoso é caipira. Isso sem falar no jeito sigular dos paulistas e paulistanos de engolir o "S" nas palavras em plural. Está duvidando? Preste atenção nas estrevistas do Lula [embora seja de origem nordestina, reside há muitos anos em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo]. Espírito Santo mistura um pouco do RJ, MG e BA, uma vez que fica "encolhido" entre os três Estados.
No Sul, região mais bairrista de todo o país, a colonização européia dominou a etnia e dividiu a forma de falar da região nos três Estados. Se bem que Paraná e Santa Catarina têm um pouco de similaridades, porém com gírias e vícios de linguagem distintos - todos conhecem a expressão "leitê quente que dói nos dente". Já o Rio Grande do Sul segue uma mistura com pronúncias bem feitas das palavras, mas com uma certa cantoria que eles negam ter. Né? Bah, guri!
E, finalizando esse passeio, retorno para a Região Norte, começando por Rondônia, colonizada por paranaenses que ajudaram o Estado a se desenvolver, mesclando a regionalidade nortista com o forte sotaque sulista. Pará e Amapá são próximos e chiam mais que panela de pressão. As vezes penso que a Xuxa, embora gaúcha, chia como Paraense, poix o carioquêix dela é forxado demaixxx. No Amazonas encontramos chiados sim, mas sem o explicadjiênhou do Pará - peça uma galhiêinha caipira em qualquer restaurante lá que você será bem atendido e entendido! Roraima [leia-se Roráima] acaba sendo influenciada pelo Amazonas, uma vez que não há outra saída para o resto do país, somente pelas fronteiras estrangeiras. E uma coisa é certa... todos os Estados da Região Norte têm um forte tom anasalado.
Ei machorréi!
Essa volta aê me deixou zonzo demais da conta, meu rei.
Barbaridade, tá einteindeindo?
Vazei !!!!
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Uma coisa que me chama muito a atenção é a questão do sotaque. Temos cinco regiões, porém muito mais do que cinco sotaques. Aqui no Acre, no caso a capital Rio Branco, temos um sotaque peculiar, com um chiado discreto e algumas entonações vindas da colonização por parte de migrantes do Ceará que se estabeleceram aqui desde a época de ouro da extração do latex [matéria prima da borracha]. Mas mesmo assim temos uma mistura de sulistas, tanto do interior de São Paulo, como também do Rio Grande do Sul, que se instalaram no interior e muitos deles hoje são grandes fazendeiros anônimos.
Nota-se a diferença de entonações de acordo com a região da capital. Embora aqui não seja uma cidade de grandes proporções, somos um pouco cosmopolita, uma vez que se você frequentar os bairros mais humildes acaba observando que as pessoas têm um sotaque mais forte, carregado e com vícios de linguagem que prejudicam o entendimento. E o mais engraçado deles é a rapidez nas frases. Falar pausado? Nem com lexotan! Já trabalhei numa empresa onde um motorista falava tão rápido que eu sempre pedia duas ou três vezes para ele repetir, e mesmo assim eu não filtrava direito o que ele queria dizer, resultando que minha dedução nem sempre era válida sobre o que ele expôs. ¬¬ Mas isso não é regra, pois educação e bom senso não escolhe classe social.
Por quê?
Explico...
Esses vícios de liguagem e entonações mais fortes não são "privilégio" das camadas menos favorecidas. Em ambientes mais diferenciados, nota-se em uma ou outra pessoa algo carregado e as vezes irritante, pois alguns gostam de alterar a voz para chamar a atenção, como se voz alta fosse sinônimo de status. E você olha com aquela cara de "ah, eu mereço isso". Fazer o quê? Pior são os nascidos e criados aqui no Acre, que têm o conforto e a disponibilidade de viajar com frequência e, mal passam uma semana no Rio de Janeiro ou no Campinas [interior de SP], voltam com sotaques dessas regiões, como se fossem nascidos lá. Seria trágico se não fosse cômico. Nessas horas dá vontade de falar um palavrão: POXA!
Saindo um pouco do extremo oeste e dando uma volta rápida pelo país, observamos que em cada região, há diferenciamento de sotaques. No Nordeste por exemplo. Lá no Ceará você ouve um tipo de palavriado e entonação completamente diferente da Bahia. Já Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe já têm um pouco de semelhança, talvez pela proximidade dos Estados e respectivas Capitais.
No Centro-Oeste, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás usam o "R" com um ar interiorano - capiria mesmo, diferente do Distrito Federal, onde usam um "R" mais seco. Escute Legião Urbana que você nota as palavras bem explicadas do Renato Russo e sem entonação, como os paulistanos do CPM-22!
No Sudeste, Minas Gerais é o mais diversificado. Em Belo Horizonte o sotaque explicadin é bem notado, mas no interior não se pronuncia palavras até o final. É muito curioso. Rio de Janeiro chia feito panela de pressão molenga e a entonação dá um ar de arrogância, mais notado ainda na capital. São Paulo, a cidade mais cosmopolita da América do Sul, ainda se nota as diferenciações dos nativos nascidos na capital para o interior do Estado. Brinca-se lá que sotaque com "R" dobrado e preguiçoso é caipira. Isso sem falar no jeito sigular dos paulistas e paulistanos de engolir o "S" nas palavras em plural. Está duvidando? Preste atenção nas estrevistas do Lula [embora seja de origem nordestina, reside há muitos anos em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo]. Espírito Santo mistura um pouco do RJ, MG e BA, uma vez que fica "encolhido" entre os três Estados.
No Sul, região mais bairrista de todo o país, a colonização européia dominou a etnia e dividiu a forma de falar da região nos três Estados. Se bem que Paraná e Santa Catarina têm um pouco de similaridades, porém com gírias e vícios de linguagem distintos - todos conhecem a expressão "leitê quente que dói nos dente". Já o Rio Grande do Sul segue uma mistura com pronúncias bem feitas das palavras, mas com uma certa cantoria que eles negam ter. Né? Bah, guri!
E, finalizando esse passeio, retorno para a Região Norte, começando por Rondônia, colonizada por paranaenses que ajudaram o Estado a se desenvolver, mesclando a regionalidade nortista com o forte sotaque sulista. Pará e Amapá são próximos e chiam mais que panela de pressão. As vezes penso que a Xuxa, embora gaúcha, chia como Paraense, poix o carioquêix dela é forxado demaixxx. No Amazonas encontramos chiados sim, mas sem o explicadjiênhou do Pará - peça uma galhiêinha caipira em qualquer restaurante lá que você será bem atendido e entendido! Roraima [leia-se Roráima] acaba sendo influenciada pelo Amazonas, uma vez que não há outra saída para o resto do país, somente pelas fronteiras estrangeiras. E uma coisa é certa... todos os Estados da Região Norte têm um forte tom anasalado.
Ei machorréi!
Essa volta aê me deixou zonzo demais da conta, meu rei.
Barbaridade, tá einteindeindo?
Vazei !!!!
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